Carta a Lula assinada por grandes empresas revela descontentamento com possível incentivo à montagem de carros com componentes importados
Fabricantes já estabelecidas no Brasil temem a iminência de o governo aprovar incentivos fiscais para a montagem de carros semidesmontados (SKD) e desmontados (CKD) no Brasil. A General Motors, a Stellantis (que controla Fiat, Jeep, Citroën, Peugeot e Ram), a Toyota e a Volkswagen assinaram carta conjunta enviada ao presidente Lula sinalizando como tal decisão pode abalar a indústria automotiva brasileira.
A carta diz que as marcas esperam que o governo assegure a igualdade de condições na competição pelo mercado sem privilegiar quem importa carros desmontados ou produzidos no exterior com subsídios. Também relembram que há R$ 180 bilhões em investimentos no Brasil para os próximos anos e que isso representa um compromisso com o fortalecimento da indústria nacional.
Diz a carta, que foi publicada na íntegra por presidentes das marcas que a assinam, no Linkedin:
“É nosso dever alertar, Senhor Presidente, que esse cicio virtuoso de fortalecimento da indústria nacional está sendo colocado em risco e sofrerá forte abalo se for aprovado o incentivo à importação de veículos desmontados para serem acabados no país.
Ao contrário do que querem fazer crer, a importação de conjuntos de partes e peças não será uma etapa de transição para um novo modelo de industrialização, mas representará um padrão operacional que tenderá a se consolidar e prevalecer, reduzindo a abrangência do processo produtivo nacional e, consequentemente, o valor agregado e o nível’e geração de empregos.
Por uma questão de isonomia e busca de competitividade, essa prática deletéria pode disseminar-se em toda a indústria, afetando diretamente a demanda de autopeças e de mão de obra. Seria uma forte involução, que em nada contribuiria para o nível tecnológico de nossa indústria, para a inovação ou para a engenharia nacional. Representaria, na verdade, um legado de desemprego, desequilíbrio da balança comercial e dependência tecnológica”