EUA pretendem reagir com sanções em tempo real durante julgamento de Bolsonaro

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Além disso, as fontes indicaram que há uma lista de possíveis “sanções e tarifas” contra o Brasil que poderão ser implementadas pelo presidente Donald Trump em tempo real

Algo sem precedentes está prestes a ocorrer entre o governo dos Estados Unidos e o Brasil. Mesmo com a relevância do julgamento do presidente Bolsonaro, decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) no Brasil raramente despertam a atenção do governo norte-americano. É ainda mais incomum que as sessões televisionadas do tribunal sejam acompanhadas em tempo real por Washington.

Contudo, é exatamente isso que ocorrerá a partir do dia 2, quando terá início o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no STF por tentativa de golpe de Estado. Fontes da administração Trump revelaram a imprensa brasileira, que monitorarão “de perto” as audiências.

Além disso, as fontes indicaram que há uma lista de possíveis “sanções e tarifas” contra o Brasil que poderão ser implementadas pelo presidente Donald Trump em tempo real, dependendo das sinalizações dos ministros da Primeira Turma do STF sobre o futuro do ex-presidente brasileiro.

O conteúdo exato dessas medidas não foi detalhado pelas fontes, que afirmaram que sua aplicação dependerá exclusivamente da decisão de Trump. A coluna descobriu que, dentro da burocracia de Washington, estão em discussão novas rodadas de cancelamento de vistos para autoridades brasileiras, sanções financeiras contra outros membros do STF e uma revisão da lista de produtos brasileiros isentos do tarifaço de 50%, em vigor desde o dia 6.

Nem a Casa Branca nem o Departamento de Estado responderam ao pedido formal da coluna sobre a possibilidade de novas medidas contra o Brasil, condicionadas ao desfecho do julgamento. Em uma carta na qual anunciou o tarifaço de 50% contra o Brasil, Trump citou o julgamento de Bolsonaro, que classificou como “caça às bruxas”, exigindo sua interrupção “imediatamente”.

Há algumas semanas, o presidente dos EUA aproveitou a presença da imprensa brasileira na Casa Branca para questionar o andamento do processo contra Bolsonaro, reiterando que ele é “um homem honesto”. Atualmente, não há negociações comerciais entre os dois países, uma vez que a Casa Branca condiciona qualquer acordo tarifário à resolução da situação judicial do ex-presidente.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) confirmou que ele e o jornalista Paulo Figueiredo foram convidados por pessoas próximas à gestão Trump para viajar a Washington durante o julgamento. Eles chegarão à capital americana na quarta-feira, dia 3, segundo dia do julgamento, que deve se estender até o dia 12. Segundo Eduardo, a viagem também servirá para fornecer à Casa Branca informações sobre o andamento do caso de seu pai e os debates no tribunal. Eduardo e Figueiredo se recusaram a divulgar quem serão seus interlocutores ou o conteúdo das reuniões que terão nos EUA.

Ambos têm liderado uma campanha por medidas punitivas contra o Brasil que, segundo eles, poderiam pressionar o país a conceder anistia a Bolsonaro e seus aliados. Até o momento, os esforços da dupla contribuíram para a imposição do tarifaço de 50%, a abertura de uma investigação por supostas práticas comerciais desleais do Brasil, restrições de visto a ministros do STF e do governo Lula, além da aplicação de sanções financeiras da Lei Global Magnitsky ao ministro Alexandre de Moraes, relator do caso de Bolsonaro. Jason Miller, ex-porta-voz de Trump e ex-estrategista em suas três campanhas presidenciais, aliado próximo de Figueiredo e Eduardo, declarou no podcast “Ask Dr. Drew” que foi detido por ordem do ministro Alexandre de Moraes no aeroporto de Brasília em 2021.

“E agora o exato mesmo juiz está acusando o presidente Bolsonaro com algo que o colocaria na prisão pelos próximos 35 anos”, disse Miller, que acredita que Trump está tentando deter “práticas antidemocráticas” no Brasil. Miller continua sendo uma figura influente no entorno de Trump.

No mesmo programa, ele demonstrou estar bem informado sobre a tentativa da oposição de aprovar a PEC da Blindagem e afirmou ser muito próximo de Eduardo Bolsonaro. Miller não respondeu aos pedidos de comentário da coluna. O governo Lula está ciente do risco de uma nova escalada na crise bilateral durante o julgamento. Negociar com a independência do Judiciário nunca foi uma possibilidade, mas o Brasil se prepara para minimizar os possíveis impactos de novas sanções de Washington. Dadas as demonstrações públicas de apoio do governo Trump a Bolsonaro, todas as possibilidades estão em aberto, e qualquer desfecho é possível.

Fonte: https://noticias.uol.com.br/colunas/mariana-sanches/2025/08/31/eua-podem-reagir-com-sancoes-em-tempo-real-durante-julgamento-de-bolsonaro.htm

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