Israel possui um dos sistemas de defesa antimísseis mais avançados do mundo, estruturado em múltiplas camadas para neutralizar diferentes tipos de ameaças aéreas, desde foguetes de curto alcance até mísseis balísticos de longo alcance. Abaixo, descrevo os principais sistemas, suas características, alcances, capacidades, mísseis utilizados, estoques estimados (quando disponíveis) e custos por unidade de disparo, com base em informações públicas até junho de 2025.
1. Iron Dome (Domo de Ferro)
Modalidade e Alcance: Sistema de defesa aérea de curto alcance, projetado para interceptar foguetes, morteiros, drones e projéteis de artilharia disparados de 4 a 70 km (com expansões reportadas para até 250 km em algumas versões).
Capacidade de Destruição: Utiliza mísseis interceptores Tamir, que detonam próximo ao alvo, destruindo-o com fragmentação. Cada bateria pode lidar com múltiplos alvos simultaneamente, com taxa de sucesso de cerca de 90%.
Camada de Defesa: Neutraliza ameaças de baixa altitude, como foguetes Qassam, Grad e outros disparados por grupos como Hamas e Hezbollah.
Mísseis Utilizados: Tamir.
Estoques Conhecidos: Israel mantém estoques significativos, mas números exatos não são divulgados. Estima-se que milhares de mísseis Tamir estejam disponíveis, com produção contínua apoiada por financiamento dos EUA (US$ 1,6 bilhão até 2021, mais US$ 1 bilhão aprovado em 2022). Durante conflitos intensos, como em 2023, Israel disparou centenas de interceptores por dia.
Custo por Unidade de Disparo: Aproximadamente US$ 40.000 a US$ 60.000 por míssil Tamir (cerca de R$ 220.000 a R$ 330.000 em 2025).
Detalhes Adicionais: O sistema é móvel, com 10 baterias operacionais, cada uma composta por 3-4 lançadores, radar e centro de controle. Cada bateria custa cerca de US$ 50 milhões. É eficaz em todas as condições climáticas e foi testado extensivamente contra ataques do Hamas.
2. David’s Sling (Estilingue de Davi)
Modalidade e Alcance: Sistema de médio alcance, projetado para interceptar mísseis balísticos táticos, mísseis de cruzeiro, drones, aviões e foguetes disparados de 40 a 300 km.
Capacidade de Destruição: Utiliza mísseis interceptores Stunner e SkyCeptor, que operam com tecnologia hit-to-kill (colisão direta) ou ogivas de fragmentação, permitindo alta precisão contra alvos manobrantes.
Camada de Defesa: Neutraliza ameaças de médio alcance, como mísseis disparados pelo Hezbollah no Líbano ou mísseis balísticos táticos.
Mísseis Utilizados: Stunner e SkyCeptor.
Estoques Conhecidos: Não há números públicos precisos, mas Israel mantém estoques suficientes para conflitos regionais, com produção conjunta entre Rafael Advanced Defense Systems e Raytheon (EUA). Estoques são provavelmente menores que os do Iron Dome devido ao custo elevado.
Custo por Unidade de Disparo: Cerca de US$ 1 milhão por míssil Stunner (aproximadamente R$ 5,5 milhões).
Detalhes Adicionais: Operacional desde 2017, o sistema usa mísseis de dois estágios com sistemas avançados de orientação. Foi usado em 2024 contra mísseis do Hezbollah.
3. Arrow (Seta)
Modalidade e Alcance:
Arrow 2: Intercepta mísseis balísticos de curto e médio alcance (até 2.400 km) na atmosfera superior, a cerca de 50 km de altitude, com alcance de interceptação de até 100 km.
Arrow 3: Intercepta mísseis balísticos de longo alcance (até 2.400 km ou mais) fora da atmosfera, no espaço, com alcance de interceptação superior.
Capacidade de Destruição:
Arrow 2 usa ogivas de fragmentação para destruir alvos com uma explosão próxima (near miss).
Arrow 3 utiliza tecnologia hit-to-kill, colidindo diretamente com o míssil inimigo, eficaz contra mísseis intercontinentais. Ambos podem atingir até 14 alvos simultaneamente.
Camada de Defesa: Neutraliza mísseis balísticos de longo alcance, como os iranianos Shahab-3 ou Fattah, em sua fase terminal ou no espaço.
Mísseis Utilizados: Arrow 2 e Arrow 3.
Estoques Conhecidos: Dados exatos são confidenciais, mas Israel mantém estoques limitados devido ao alto custo e à natureza estratégica do sistema. Estima-se que dezenas de mísseis estejam disponíveis, com produção pela Israel Aerospace Industries (IAI) e Boeing.
Custo por Unidade de Disparo: Estimado entre US$ 3 milhões e US$ 5 milhões por míssil (R$ 16,5 milhões a R$ 27,5 milhões), dependendo da versão.
Detalhes Adicionais: Desenvolvido com os EUA, o Arrow 2 entrou em serviço em 2000, e o Arrow 3 em 2017. Foi usado em 2024 contra mísseis iranianos, com alta eficácia (99% de interceptação em abril de 2024).
4. Patriot
Modalidade e Alcance: Sistema de longo alcance, projetado para interceptar mísseis balísticos táticos, mísseis de cruzeiro, drones e aeronaves. Alcance de interceptação varia de 15 a 160 km, dependendo da versão (PAC-2 ou PAC-3).
Capacidade de Destruição: Usa mísseis PAC-2 (ogivas explosivas) e PAC-3 (tecnologia hit-to-kill), eficaz contra alvos em alta altitude. Uma bateria pode ter 6-8 lançadores, cada um com até 16 mísseis (PAC-3).
Camada de Defesa: Complementa o Arrow contra mísseis balísticos e foca em aeronaves e drones. Usado historicamente contra mísseis Scud na Guerra do Golfo (1991).
Mísseis Utilizados: PAC-2 e PAC-3.
Estoques Conhecidos: Não divulgados, mas Israel mantém estoques limitados, já que o Patriot é menos usado em comparação com sistemas nativos.
Custo por Unidade de Disparo: Aproximadamente US$ 4,1 milhões por míssil PAC-3 (R$ 22,5 milhões). Uma bateria completa custa cerca de US$ 1 bilhão.
Detalhes Adicionais: É o sistema mais antigo de Israel, amplamente substituído por sistemas nativos, mas ainda usado para alvos específicos como drones.
5. Iron Beam (Viga de Ferro)
Modalidade e Alcance: Sistema de defesa baseado em laser de alta energia, em desenvolvimento, com alcance estimado superior a 4 km (testes iniciais).
Capacidade de Destruição: Neutraliza foguetes, drones, morteiros e mísseis de curto alcance aquecendo-os até a destruição. É altamente preciso e não depende de munição física, permitindo múltiplos disparos.
Camada de Defesa: Complementa o Iron Dome contra ameaças de curto alcance, especialmente em ataques em massa.
Mísseis Utilizados: Nenhum; utiliza pulsos de laser.
Estoques Conhecidos: Ainda em fase de testes, não operacional em 2025. Protótipos foram testados com sucesso.
Custo por Unidade de Disparo: Estimado em US$ 2 por disparo, tornando-o extremamente econômico.
Detalhes Adicionais: Desenvolvido pela Rafael, visa reduzir custos de interceptação. Espera-se que entre em operação nos próximos anos.
6. C-Dome
Modalidade e Alcance: Versão naval do Iron Dome, com alcance de 4 a 70 km, projetado para proteger navios contra foguetes, mísseis e drones.
Capacidade de Destruição: Usa mísseis Tamir (mesmos do Iron Dome), com taxa de sucesso semelhante (90%). Integra-se aos radares de navios da classe Sa’ar 6.
Camada de Defesa: Neutraliza ameaças marítimas de curto alcance, como drones e mísseis antinavio.
Mísseis Utilizados: Tamir.
Estoques Conhecidos: Não divulgados, mas limitados às corvetas Sa’ar 6 (quatro navios). Estoques são provavelmente menores que os do Iron Dome terrestre.
Custo por Unidade de Disparo: Igual ao Iron Dome, cerca de US$ 40.000 a US$ 60.000 por Tamir.
Detalhes Adicionais: Operacional desde 2022, usado em 2024 contra um drone no Mar Vermelho.
Resumo das Camadas de Defesa
Curto Alcance (4-70 km): Iron Dome e C-Dome (Tamir) neutralizam foguetes, morteiros e drones.
Médio Alcance (40-300 km): David’s Sling (Stunner/SkyCeptor) foca em mísseis balísticos táticos, mísseis de cruzeiro e aviões.
Longo Alcance (até 2.400 km): Arrow 2 e Arrow 3 (Arrow 2/3) e Patriot (PAC-2/PAC-3) interceptam mísseis balísticos, com o Arrow 3 atuando no espaço.
Futuro (Curto Alcance): Iron Beam (laser) complementará o Iron Dome contra ataques em massa.
Estoques Gerais e Considerações
Estoques: Israel não divulga números exatos por razões de segurança. O Iron Dome possui os maiores estoques devido à frequência de ataques de curto alcance. David’s Sling e Arrow têm estoques menores devido a custos e menor uso.
Produção e Financiamento: A produção é contínua, com apoio significativo dos EUA, que financiam grande parte dos sistemas (ex.: US$ 2 bilhões para o Arrow).
Desafios: Manter estoques suficientes para ataques de saturação (como os do Hamas em 2023 ou Irã em 2024) é um desafio logístico. O Iron Beam, quando operacional, pode aliviar essa pressão.
