99% dos aposentados cubanos entram em estado de desespero

O descompasso entre os números oficiais e a realidade cotidiana é total. A pensão mínima de 4.000 CUP equivale a menos de US$ 9 na taxa de câmbio informal e cobre apenas um terço do custo da cesta básica estimada pelo próprio ONEI (mais de 12.000 CUP por pessoa por mês em Havana). Como resultado, a maioria dos aposentados vive abaixo da linha da pobreza , dependendo de remessas ou do apoio familiar para sobreviver.

Noventa e nove por cento dos entrevistados afirmam que sua aposentadoria não cobre suas necessidades básicas de alimentação, moradia e medicamentos .

O relatório destaca que 97,8% dos aposentados foram forçados a buscar renda adicional por meio de atividades informais ou de sobrevivência, como venda ambulante, trabalho doméstico, vigilância noturna ou reparos. 

Nove em cada dez aposentados (90,7%) continuam trabalhando após a aposentadoria oficial , uma realidade que contradiz o próprio conceito de aposentadoria como um período de descanso e lazer após a vida laboral. 

O comércio informal não autorizado tornou-se uma tábua de salvação econômica nas ruas de Cuba. Nas calçadas de Havana , Santiago e outras cidades, centenas de vendedores ambulantes vendem cigarros, café e comida sem as licenças exigidas por lei.

O consenso é esmagador: 99,4% afirmam que a pensão mínima atual é insuficiente para garantir uma vida digna .

95,7% dos entrevistados relataram ter dificuldade em acessar cuidados médicos, medicamentos e diagnósticos básicos . 

98,8% percebem uma deterioração progressiva na assistência médica e social prestada aos idosos , confirmando uma tendência praticamente unânime de abandono institucional. 

Outro problema é que a maioria dos idosos vive em casas com goteiras, umidade, mofo ou risco de desabamento , sem acesso a materiais ou licenças para reparos.

Durante 66 anos, Cuba vivenciou um êxodo constante . Diversas fontes internacionais estimam que mais de três milhões de cubanos (incluindo descendentes) residem fora do país, o que representa mais de 20% da população total.

As grandes ondas migratórias para os Estados Unidos esvaziaram a ilha de jovens, acelerando o envelhecimento da população.

Em muitos lares, as conversas acontecem por meio de telas, os abraços são substituídos por remessas de dinheiro e os aniversários por videochamadas. Os entrevistados entendem isso claramente: a causa não é a emigração em si, mas o sistema que a provoca . Fome, repressão e falta de perspectivas de futuro são os verdadeiros motores da diáspora, afirmam.