Entrevista de Eduardo Bolsonaro à revista VEJA, publicada em 30 de maio de 2025 realizada em Dallas, nos Estados Unidos, onde o deputado federal licenciado reside atualmente, e aborda críticas ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, articulações políticas, pretensões eleitorais para 2026 e a situação política de seu pai, Jair Bolsonaro.
Eduardo Bolsonaro à VEJA
1. Sobre as acusações contra Alexandre de Moraes:
Pergunta: Como você avalia as ações de Alexandre de Moraes?
Resposta: Eduardo Bolsonaro acusa Moraes de cometer “sucessivos abusos” e de praticar um “jogo de cartas marcadas” contra ele e seu pai, Jair Bolsonaro. Ele afirma que Moraes age como um “tirano” e que o objetivo do ministro é “acabar com o movimento liderado por Jair Bolsonaro”. Eduardo também critica o STF, dizendo que a Corte se relaciona com outros poderes “na base da extorsão” e que deveria se limitar a causas constitucionais, sem ultrapassar suas competências. Ele ironiza a acusação de tentativa de golpe em 2022, chamando-a de “Golpe da Disneylândia”.
2. Sobre sua atuação nos Estados Unidos:
Pergunta: O senhor foi eleito deputado federal por São Paulo, mas está morando nos Estados Unidos. Não deveria estar cumprindo seu mandato?
Resposta: Eduardo afirma que seu trabalho nos EUA é “único” e mais importante do que estar no Brasil, pois visa “segurar o ímpeto ditatorial” de Alexandre de Moraes. Ele menciona reuniões periódicas na Casa Branca e no Congresso americano, além de contatos com líderes como o primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán e o presidente argentino Javier Milei, para articular sanções contra autoridades brasileiras, especialmente Moraes. Ele acredita que há “99% de chance” de sanções do governo de Donald Trump contra Moraes, citando a nova política de vistos dos EUA que restringe autorizações a quem “censura americanos”.
3. Sobre a investigação da PGR contra ele:
Pergunta: Como você reage ao inquérito aberto contra ele pela Procuradoria-Geral da República (PGR)?
Resposta: Eduardo considera o inquérito uma tentativa de condená-lo para tirá-lo da corrida eleitoral de 2026, alegando que a PGR age politicamente. Ele afirma que não mudou seu tom e que o Brasil vive um “regime de exceção”, onde a justiça é seletiva. Ele justifica sua permanência nos EUA como uma forma de estar “livre” para defender as liberdades dos brasileiros, algo que considera “quase impossível” no Brasil.
4. Sobre sua possível candidatura à Presidência em 2026:
Pergunta: Você tem pretensões eleitorais para 2026?
Resposta: Pela primeira vez, Eduardo fala explicitamente sobre concorrer à Presidência em 2026, dizendo: “Obviamente, se for uma missão dada pelo meu pai, vou cumprir.” Ele sugere que sua candidatura seria parte de um esforço para retomar o “rumo liberal-conservador” e combater a “elite burocrática” que, segundo ele, sabota transformações no Brasil. Ele também menciona outros possíveis candidatos da direita, como Tarcísio de Freitas (“excelente gestor”) e Michelle Bolsonaro (“baixa rejeição e discurso próximo de evangélicos e mulheres”).
5. Sobre sua saída do Brasil:
Pergunta: Por que você decidiu morar nos Estados Unidos?
Resposta: Eduardo diz que deixou o Brasil por razões de “segurança pessoal e liberdade política”, alegando desconfiança nas instituições brasileiras. Ele reforça que sua atuação nos EUA é para denunciar abusos e buscar apoio internacional contra Moraes. Ele também menciona temer a apreensão de seu passaporte e uma possível prisão, conforme indicado em outras fontes.
6. Sobre o governo Lula e o governo de Jair Bolsonaro:
Pergunta: Como você avalia o governo Lula e o governo de seu pai?
Resposta: Eduardo critica o governo Lula, chamando-o de “reconstrução da velha política” e apontando retrocessos em pautas econômicas e de segurança pública. Sobre o governo de Jair Bolsonaro, ele reconhece erros na articulação política e comunicação institucional, mas defende que foram “os quatro anos mais transparentes e patrióticos da história recente”.
7. Sobre o julgamento de Jair Bolsonaro no STF:
Pergunta: Como você vê o processo contra seu pai no STF por uma suaposta tentativa de golpe?
Resposta: Eduardo acredita que o julgamento de Jair Bolsonaro é um “jogo de cartas marcadas” e que seu pai já está “condenado” previamente. Ele nega a existência de uma tentativa de golpe em 2022 e afirma que o objetivo de Moraes é destruir o bolsonarismo como movimento político.
8. Sobre a articulação política da direita para 2026:
Pergunta: Qual é a estratégia da direita para as eleições de 2026?
Resposta: Eduardo sugere que a estratégia envolve tensionar as instituições, deslegitimar o STF e pavimentar o retorno de Jair Bolsonaro, mesmo que inelegível. Ele menciona alianças com figuras como Tarcísio de Freitas e Romeu Zema, mas mantém um discurso de confronto, buscando uma imagem de liderança mais ampla, não apenas de provocador.
Fonte: https://veja.abril.com.br/politica/entrevista-a-veja-sao-sucessivos-abusos-diz-eduardo-bolsonaro-sobre-moraes/