Os Estados Unidos bombardearam alvos do Estado Islâmico (ISIS) na Síria, neste domingo (8), em meio ao colapso do regime de Bashar al-Assad e a tomada do poder por grupos rebeldes.
Segundo um oficial dos EUA, os ataques aéreos tiveram como alvo “líderes, agentes e campos” do Estado Islâmico. Foram usados bombardeiros B-52, além de jatos F15 e aeronaves A-10.
As incursões também foram confirmadas pelo Comando Central dos EUA (CENTCOM, na sigla em inglês). Em nota, o órgão afirmou que os ataques visavam garantir que o Estado Islâmico não tirasse vantagem da atual situação na Síria.
“Estão em andamento avaliações dos danos da batalha e não há indicações de vítimas civis”, disse um funcionário do governo dos EUA.
O responsável também disse que “o CENTCOM, juntamente com aliados e parceiros na região, continuará a realizar operações para degradar as capacidades operacionais do ISIS, mesmo durante este período dinâmico no centro da Síria”.
O presidente Joe Biden também disse neste domingo que os EUA pretendem continuar as suas operações anti-ISIS no país.
Biden comemora fim do regime de Assad, mas diz que momento é de 'riscos e incertezas'
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, fez seu primeiro discurso público desde que o ditador Bashar al-Assad, que estava há 24 anos no poder, fugiu da Síria. Neste domingo (8), ele falou sobre a tomada de Damasco pelo grupo de rebeldes HTS, liderado por Mohammed al-Golani.
"Até que enfim, o regime de Assad acabou", afirmou Biden. "Este é um momento de riscos e incertezas. Os EUA trabalharão com parceiros e interessados para ajudá-los a aproveitar esta oportunidade."
Segundo a Rússia, Assad, que estaria em Moscou com a família, instruiu que haja uma transição de poder "pacífica".
“Assad e sua família chegaram a Moscou. A Rússia, por razões humanitárias, concedeu-lhes asilo”, disse uma fonte do Kremlin, disse a agência TASS.
Biden criticou o apoio que a própria Rússia, o Irã e o Hezbollah concederam ao regime sírio. Também mencionou o jornalista americano Austin Tice, que estaria preso na Síria após ter sido sequestrado, há 12 anos, enquanto fazia uma reportagem sobre Assad. "Acreditamos que ele esteja vivo", disse o presidente.
O que outros líderes disseram?
Além de Biden, outros líderes internacionais pronunciaram-se: Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, disse que o país não se envolverá no conflito; já Israel busca proteger a região das Colinas de Golã, que estão sob seu domínio desde 1967. A Rússia afirma que Assad deu ordens para uma transição pacífica no poder; enquanto a França comemora "o fim do estado de barbárie".
Veja os posicionamentos de cada país:
França: comemoração pela queda
A França “saúda a queda do regime de Bashar al-Assad” depois de “mais de 13 anos de repressão extremamente violenta contra o seu próprio povo”, reagiu o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Christophe Lemoine .
Na rede social X, o presidente Emmanuel Macron postou: "O estado de barbárie caiu. Finalmente. Presto homenagem ao povo sírio, à sua coragem, à sua paciência. Neste momento de incerteza, desejo-lhe paz, liberdade e unidade. A França continuará comprometida com a segurança de todos no Oriente Médio."
Estados Unidos: Trump não quer 'se meter'
De acordo com o jornal "The New York Times", um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional afirmou que o presidente americano Joe Biden está "monitorando de perto os eventos extraordinários na Síria".
Mais cedo, antes da fuga de Assad, o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, que tomará posse em janeiro, disse que o país não deve se envolver no conflito.
“Assad se foi. Ele fugiu de seu país. Sua protetora, Rússia, liderada por Vladimir Putin, não estava mais interessada em protegê-lo”, escreveu Trump em uma rede social. "Não havia mais razão para os russos colocarem [a Síria] em primeiro lugar. Perderam o interesse por causa da Ucrânia."
Israel: preservação das fronteiras
As Forças de Defesa de Israel disseram, neste domingo (8), que não interferirão nos conflitos internos da Síria, mas que protegerão a região das Colinas de Golã, adjacentes ao país e conquistadas pelos israelenses em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias.
“Não serão toleradas ameaças perto da fronteira israelense”, disse o exército israelense em comunicado.
Irã: invasão de embaixada
Segundo a TV estatal do Irã, a embaixada do país em Damasco foi invadida por um grupo armado que "agora controla a maior parte da Síria [ou seja, o Hayat Tahrir al-Sham - HTS]".
Os meios de comunicação árabes e iranianos compartilharam imagens do interior das instalações da embaixada, onde os agressores vasculharam móveis e documentos, além de danificar algumas janelas.
Rússia: informações sobre Assad
Segundo o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Assad deixou a Síria e deu instruções para uma transição pacífica no poder.
Turquia: reflexão sobre oportunidade perdida
O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Hakan Fidan, diz que o governo do ex-líder Bashar al-Assad deveria ter aproveitado uma pausa nos combates para “reconciliar-se” com o povo sírio, relata a Al Jazeera.
Egito: apoio aos sírios
De acordo com a Reuters, o governo do Egito "apela a todas as partes da Síria para preservar o estado e as instituições nacionais". O comunicado diz ainda que o país acompanha a situação com muito cuidado e "está ao lado do povo sírio, para apoiar sua soberania."
Brasil: monitoramento de brasileiros na Síria
Em nota divulgada pelo Itamaraty no sábado (7), o governo brasileiro afirma que "acompanha, com preocupação, a escalada de hostilidades na Síria. Exorta todas as partes envolvidas a exercerem máxima contenção e a assegurarem a integridade da população e da infraestrutura civis".
"O Brasil reitera a necessidade de pleno respeito ao direito internacional, inclusive ao direito internacional humanitário, bem como à unidade territorial síria e às resoluções pertinentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas", diz o texto.
"O Brasil apoia os esforços para solução política e negociada do conflito na Síria, que respeitem a soberania e a integridade territorial do país."
"O Brasil apoia os esforços para solução política e negociada do conflito na Síria, que respeitem a soberania e a integridade territorial do país."
O Itamaraty, por meio da Embaixada em Damasco, monitora a situação dos brasileiros na Síria.